A Apple e o Google estão negociando sobre um possível acordo para trazer as ofertas de inteligência artificial gerativa do Gemini, o rei das buscas, para o iPhone.
As negociações, primeiro relatadas pela Bloomberg na segunda-feira, visam permitir que a Apple licencie o conjunto de modelos de IA do Gemini para impulsionar alguns novos recursos para o iPhone ainda este ano.
Embora um acordo dê ao Gemini uma vantagem crucial com bilhões de usuários em potencial, observou a Bloomberg, também pode ser um sinal de que a Apple não está tão avançada em seus esforços de IA quanto alguns poderiam esperar.
“A Apple parece estar atrás de seus concorrentes no que diz respeito à abordagem da inteligência artificial gerativa, e isso ocorre em parte porque o ritmo da inovação tem sido tão alto que os cronogramas de sua conferência anual de desenvolvedores no verão e o lançamento de produtos no outono criaram uma discrepância no ritmo atual da corrida da IA”, disse Paul Schell, analista do setor da empresa global de inteligência em tecnologia ABI Research.
Isso não significa que a Apple não esteja ocupada desenvolvendo suas habilidades de IA. “Nos bastidores, a Apple tem trabalhado diligentemente no desenvolvimento de suas capacidades de IA gerativa em dispositivos e adquirindo empresas que a ajudarão a avançar nessa tecnologia – mais recentemente com a aquisição da DarwinAI”, disse Schell ao TechNewsWorld.
“A Apple também tem uma divisão de Pesquisa em Aprendizado de Máquina dedicada a avançar suas capacidades na área, e Tim Cook tem falado sobre IA generativa em antecipação ao iOS 18”, acrescentou.
Parte da Estratégia Geral de IA:
“A Apple está muito atrasada na IA”, declarou Rob Enderle, presidente e principal analista da Enderle Group, uma empresa de serviços de consultoria em Bend, Oregon.
“Isso é meio surpreendente”, ele disse ao TechNewsWorld, “já que a Siri foi uma das primeiras assistentes digitais no mercado, mas depois que eles a lançaram, pareceram perder o interesse, o que é por que estão tão atrasados”.
Um acordo com o Google poderia se alinhar com a estratégia geral de IA da Apple, observou William Kerwin, analista de patrimônio líquido da Morningstar Research Services em Chicago.
“A Apple adotou uma abordagem lenta para quaisquer anúncios relacionados à IA generativa, o que vemos como sua estratégia normal”, ele disse ao TechNewsWorld. “A Apple sempre foi uma seguidora premium nos mercados, nunca focando em ser a primeira, mas sim em lançar produtos superiores.”
“Nós não esperávamos que a Apple desenvolvesse um modelo de IA gerativa proprietário para licenciar, mas sim focasse em como integrar a IA generativa em seus produtos”, disse ele. “Isso poderia ser pequenos modelos construídos pela Apple vivendo na borda, ou modelos maiores baseados em nuvem.”
“Um potencial acordo de licenciamento com o Google Gemini se alinharia com isso – terceirizando o próprio modelo, mas focando na integração dele em produtos como a Siri.”
Veja tambem: Analista prevê que IA da Apple estará vinculada ao iPhone.
Benefícios para Apple e Google:
Tim Bajarin, presidente da Creative Strategies, uma empresa de consultoria de tecnologia, explicou que a Apple usa IA em seus produtos há décadas. A IA é fundamental para recursos como a Siri e o Maps. A Apple possui tecnologia própria para criar aplicativos e soluções baseados em IA.
Desenvolver uma IA complexa do zero é caro, então é mais fácil licenciar tecnologia existente. Mesmo que a Apple tivesse sua própria tecnologia avançada, seria difícil atender à enorme base de usuários sem ajuda externa.
Um acordo de licenciamento com o Gemini poderia ajudar tanto a Apple quanto o Google. Para a Apple, seria uma maneira de acelerar seu desenvolvimento de IA. E usar uma tecnologia de terceiros poderia ajudar a manter a reputação da Apple de respeitar a privacidade do usuário.
Benefício para usuários da Apple:
Um acordo de licenciamento Gemini poderia trazer vantagens aos usuários da Apple, integrando os avançados algoritmos de busca do Google em seu sistema, explicou Mark N. Vena, presidente e analista principal da SmartTech Research em San Jose, Califórnia.
Isso facilitaria a interação entre o ecossistema da Apple e os serviços do Google, oferecendo mais conveniência aos usuários. Além disso, poderia reduzir os custos e o tempo de desenvolvimento da Apple, já que ela poderia usar a tecnologia comprovada do Google em vez de construir do zero.
Para a Apple, isso significaria acesso a recursos que ela atualmente não possui, enquanto o Google obteria receita e um parceiro de licenciamento importante.
A questão de quanto o Google lucraria com esse acordo é interessante. Greg Sterling, cofundador do Near Media, sugeriu que o Google pode não precisar pagar pela licença, já que ele já paga à Apple para ser o mecanismo de busca padrão no Safari. Em vez disso, o Google pode oferecer sua tecnologia gratuitamente para manter sua presença nos dispositivos da Apple e obter acesso aos dados dos usuários para melhorar seu mecanismo de busca.